ANSIEDADE: Precisamos falar sobre

Essa semana eu decidi sair um pouco do mundo da cultura pop e falar sobre um assunto mais sério que precisa ser comentado. Vamos falar sobre ansiedade.

Ansiedade.
Substantivo feminino.
1. grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia.
2. fig. desejo veemente e impaciente.
3. fig. falta de tranquilidade; receio.
4. psicop estado afetivo penoso, caracterizado pela expectativa de algum perigo que se revela indeterminado e impreciso, e diante do qual o indivíduo se julga indefeso.

Olhando para essas definições, pode parecer algo simples, ou apenas um desconforto fácil de se passar. O primeiro pensamento que pode surgir é relacionado à ansiedade normal, que basicamente consiste naquele friozinho na barriga antes de algum acontecimento. Seja em situações de possível perigo ou até mesmo antes de uma apresentação de trabalho na escola. Porém, também existe a ansiedade patológica, que é sobre o que vou escrever hoje.
Lembrando que não sou nenhuma especialista no assunto, apenas senti a necessidade e a oportunidade de escrever sobre um mal que eu mesma sofro.

                       
                                                       Olá. Meu nome é Ansiedade.

A ansiedade torna-se patológica a partir do momento em que a resposta do seu corpo não condiz com o estímulo que ele recebe. Porcamente falando, é quando você fica muito ansiosa em relação a algo simples ou algo que já faz parte do seu dia-a-dia. E é aí que a coisa começa a ficar feia.

Obviamente, a reação no corpo varia de pessoa a pessoa, mas comigo é horrível. Meu coração começa a acelerar do nada, parece que falta ar nos meus pulmões, o mundo começa a se mexer mais rápido e sinto como se eu não conseguisse alcançar o ritmo. Parece que eu estou fechada num cômodo sem portas e as paredes ficam cada vez menores. Isso já aconteceu comigo enquanto eu comia um sanduíche com minha família na praça de alimentação do shopping. Ou seja, meu corpo reagiu drasticamente a algo que não precisava "disso tudo".

Antes de começar a reparar esses acontecimentos, eu já visitava um psicólogo e meus pais já tinham conhecimento desse meu jeitinho de ser. Porém, nessas idas ao médico, eu escutei uma frase que meio que resumiu o que eu sentia: "Você quer controlar todas as coisas e, como não pode, acontece isso." A minha médica também me disse que, com todas essas respostas que meu corpo e minha mente davam, minha ansiedade começou a evoluir para uma possível síndrome do pânico e ao surgimento de fobias. No início eu negava, falava que não tinha nada disso, mas depois de um tempo, eu aceitei realmente o que eu tinha.

Por um bom tempo, quase um ano, eu morria de medo de sair de casa. Não queria nem viajar com a família. O motivo? Eu simplesmente achava que, ao colocar o pé para fora de casa, aconteceria alguma coisa e eu iria morrer. Pode parecer piada, mas não havia nada nem ninguém que tirasse essa ideia da minha cabeça. Toda vez que viajava, seja de carro ou avião, eu passava a viagem toda monitorando todos os acontecimentos a minha volta, e se algo fosse diferente do que eu achava que era o certo, eu pirava. Acontecia exatamente as coisas que aconteceram quando eu estava no shopping. Na maioria das vezes não era nenhuma ameaça externa clara, era apenas um pensamento na quinta camada do meu subconsciente que decidia dar um sinal de vida. Ir a shows? Só de pensar naquela multidão toda, em um mesmo lugar, já me dava arrepios. Quando eu pensava na possibilidade de uma emergência, e naquele povo todo correndo em uma só direção, eu quase desistia de sair para me divertir. Trocava experiências pela segurança do meu lar - que nem sempre era tão seguro assim. Vocês sabiam que o lugar mais propenso a acidentes fatais é na sua própria casa?

O problema era o seguinte: eu não queria parar de ir à escola (wow such different much nerd), não queria deixar de viajar, de assistir a filmes, visitar meus amigos e ir a shows. Eu não podia fazer isso. Eu não podia deixar meu corpo e minha mente mandarem em mim. Eu é que deveria mandar neles, não é mesmo? E foi isso que eu comecei a fazer.

                                      
                                                             (https://www.youtube.com/watch?v=nCgm1xQa06c)

Com muito esforço - admito -, depois de me observar por bastante tempo, comecei a achar meios para me acalmar. Melhor: meios para não deixar que os pensamentos negativos chegassem a mim. Melhor mesmo que tratar o mal, é não deixar que o mal te atinja. Então, sempre que sinto que alguma coisa do tipo pode acontecer, eu penso que sim, pode acontecer, mas pode também não acontecer. Quais as probabilidades? Por que eu vou pensar na coisa x se eu estou fazendo a coisa y? E, se eu falhasse no quesito pré-ansiedade, eu simplesmente chamava a pessoa mais próxima e começava a falar sobre qualquer assunto se não o que eu estava sentindo. Dica: se você convive com alguém que sofre do transtorno de ansiedade, não fale sobre ele quando essa pessoa estiver passando por ele.

Além disso tudo, comecei a meditar todos os dias. No começo foi terrível, porque eu mal conseguia controlar a minha respiração logo de manhã. Depois de muitos dias, depois de tanto querer, eu consegui. Admito que não medito todo dia, mas sempre que posso ou sempre que me sinto muito mal, eu separo nem que sejam 15 minutos do meu dia para ficar quieta no meu canto, apenas respirando e clareando a mente. Isso vale para qualquer um, experimentem.

O que mais me deixa triste hoje, é que eu vejo tanta gente banalizando a ansiedade, o pânico, as fobias, que, quando alguém diz que sofre de algum deles, ele quase não é levado a sério. O número de pessoas ansiosas cresce cada vez mais, mas não existe motivo algum que deva menosprezar o que alguém sente e pelo que alguém passa. Não diga que o colega está de frescura ou de drama quando ele pede um tempo para respirar; apenas dê o tempo que ele precisar. Isso é uma coisa séria e que a última coisa que precisa é de gente que leva na brincadeira.

Se você sofre com isso, eu não posso dar nenhuma declaração médica sobre - nem quero, por favor -, mas posso falar algumas coisas. Primeiramente, procure um tratamento. Nada melhor do que alguém qualificado para te guiar. Tente se conhecer melhor também. Só você sabe o que você sente, quando sente, por que sente. Não há nada nem ninguém que possa te ajudar tão bem quanto você mesmo. E, por fim, saiba que você não está sozinho(a) nessa jornada. ♥

Bom, o texto na verdade foi uma forma de tirar algumas coisas que estavam dentro de mim e que deveriam ser ditas. Foi um texto bastante pessoal e no início até fiquei com um pé atrás, mas achei necessário.
Espero ter ajudado as pessoas que passam por algo parecido e aquelas que não tinham conhecimento sobre o que acontece em nosso corpinho e mente ansiosa.
Fico por aqui e até semana que vem!
And that's a wrap.

Comentários

  1. Amei o seu texto! Você não tem ideia de como eu me identifiquei e como foi importante pra mim. 💙

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    1. Ai que linda! ♥ Obrigada e fico muito feliz de ter sido importante.

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  2. Simplesmente perfeito. Já cheguei a ir ao médico e ele dizer que simplesmente não tenho nada. É horrível. Mas não é impossível. Bjs

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  3. Simplesmente perfeito. Já cheguei a ir ao médico e ele dizer que simplesmente não tenho nada. É horrível. Mas não é impossível. Bjs

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  4. Ju, você é incrível. Minha ansiedade tornou-se hoje em transtorno e depressão, mas, para quem sofre desse mal, você não tem noção do quanto é tão bom ouvir/ler esses tipos de incentivo. Mostra que nada é impossível e que tudo se resolve. Ajudou demais mesmo!

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    1. Criamos o blog para inspirar pessoas e sermos inspirados, continue na luta que estamos torcendo por você!

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