Eu vi: POWER RANGERS



É hora de morfar!
Você sabe quem são eles, você sabe contra quem eles lutam, você sabe também qual deles você era quando brincava com os amigos (inclusive, eu sou o azul). Sim, hoje a crítica é nada mais nada menos sobre heróis que provavelmente salvaram a sua infância: os Power Rangers!


Primeiramente, vou contar para todos um segredinho: eu sou muito fã de Power Rangers, em um nível de acompanhar, até hoje, na 24ª temporada (sim, a série ainda é exibida), os heróis coloridos. Então, pode confiar em mim que eu sei muito bem o que estou falando. Aliás, como fã, esse filme era tudo o que eu mais aguardava faz anos, todos sabemos que o público alvo da série é infantil, mas sempre se passou pela minha cabeça "como seria uma versão mais sombria dos Rangers? Algo que o público levaria a sério?", pois bem, a resposta é essa adaptação.


Confesso que, ao mesmo tempo que eu ansiava por esse filme, eu mantinha um certo medo. Afinal, estamos falando de heróis coloridos que pilotam robôs jurássicos gigantes, como você traria um tom sério para uma história assim? O primeiro passo foi brilhante: definir sua linha de enredo. A franquia Power Rangers, como série, sempre tentou apresentar uma mitologia muito rica - como o passado de Zordon e acesso a sempre tão citada "Rede de Morfagem" -, mas sempre foram limitados devido ao seu público-alvo e bloqueios feitos pelo seu canal de transmissão, transformando ótimas ideias em meros furos de roteiro. Agora, em um formato de filme, eles conseguem explorar e definir muito bem sua mitologia desde a primeira cena (diga NÃO aos spoilers).

Desde 1993, no início da série, já conhecíamos o nerd Billy/Azul (RJ Cyler), a patricinha Kimberly/Rosa (Naomi Scott), a durona Trini/Amarela (Becky G), o descolado Zack/Preto (Ludi Lin) e o líder Jason/Vermelho (Dacre Montgomery), mas o filme "perde" bastante do seu tempo se aprofundando nos dramas dos "cinco adolescentes com garra", mostrando problemas adolescentes bastante atuais que jamais foram explorados em série - como sexualidade, autismo e vandalismo -, desenvolvendo o melhor e o pior de cada um em um clima bem Clube dos Cinco.


Falando em desenvolvimento de personagens, preciso parabenizar o trabalho do diretor Dean Israelite. Houve uma dosagem certa de drama e ação, conciliando surpreendentemente bem o tom "sombrio", já esperado em filmes atuais, com o "espalhafatoso", homenageando o clássico; dosagem essa que muitos filmes de grandes super-heróis não conseguem fazer muito bem. Logo em uma das primeiras cenas, há um plano-sequência em uma perseguição de carros que eu, literalmente, aplaudi aquilo, ao assistir logo pensei "ora ora, temos um diretor por trás de tudo isso!". Foi muito bom ver o devido cuidado que toda a produção pareceu ter com o longa, seja no visual - bastante criticado no período de divulgação - quanto em detalhes de roteiro, colaborando para um bom filme de início de franquia.

Se é para elogiar, vamos falar de um ponto muito importante: a vilã Rita Repulsa (Elizabeth Banks). Na série original, a vilã era um dos maiores alívios cômicos, beirava ao ridículo e éramos obrigados a acreditar em Zordon ao dizer que ela era "pura maldade". Aqui, temos uma Rita Repulsa totalmente repaginada, com um visual discutível (diga NÃO aos spoilers) e que, graças ao ótimo trabalho de Elizabeth Banks, tornou a vilã amedrontadora, mesmo que levemente cômica quando necessário. Além dela, lógico, o Zordon (Bryan Cranston) também rouba a cena (apesar de só vermos o seu rosto), sendo bem severo no treinamento dos Rangers e mostrando que seus interesses são bem maiores que apenas salvar o mundo, perdendo bem sua clássica imagem de mentor calmo e sábio.


Por fim, Power Rangers não veio para disputar bilheteria com universos de heróis já consagrados, nossos Rangers vieram para honrar a memória dos fãs mais nostálgicos e, ao mesmo tempo, abraçar um novo público. Uma ideia que poderia ser facilmente um grande fracasso trouxe um resultado final conseguiu atravessar a barreira da "galhofa", apresentando algo novo, sem deixar de homenagear o passado. A principal filosofia dos heróis, por  traz de robôs gigantes e lutas coreografadas, é como uma grande amizade, independente de qualquer coisa, colabora para o trabalho em equipe em busca de um bem maior, mostrando que juntos eles são mais.

UTILIDADE PÚBLICA: o filme tem cena pós-créditos

That's all folks... e que o poder os proteja!

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